FIM DO CELIBATO 5: A Igreja não pode ser a saída social para quem não quer ou não pode admitir a sua sexualidade
O celibato foi certamente útil em tempos bem mais difíceis da Igreja. A dedicação exclusiva à vida eclesiástica pode ter feito um grande bem à instituição. Mas é evidente que se tornou um malefício, um perigo mesmo, fonte permanente de desmoralização. A maioria dos padres, é possível, vive o celibato e leva a sério o seu compromisso. Mas é claro que o sacerdócio também se tornou abrigo de sexualidades alternativas, que não têm a mesma aceitação social que tem o padrão heterossexual.
Que fique claro: não estou restringindo o comportamento impróprio de padres a homossexuais, mas a esmagadora maioria reporta o assédio a meninos e adolescentes do sexo masculino. Se queremos uma resposta, é preciso que se reconheça o problema como é. OUTRA ADVERTÊNCIA: NÃO ESTOU TOMANDO A PEDOFILIA COMO APANÁGIO DA HOMOSSEXUALIDADE. Isso é uma estupidez, derivada do preconceito. Há pedófilos de todas as variedades. Mas aqui surge outra evidência: parte considerável dos casos envolve adolescentes já em sua maturidade sexual. Reconheça-se: não se trata de pedofilia, mas de prática homossexual — e, como notam, o que faço aqui é distinguir as duas coisas em vez de confundi-las. Quem busca sexo com um garoto de 15, 16, 17 anos, convenham, não tem seu desejo voltado para crianças.
Por si, a condição de casado ou celibatário não faz uma pessoa ser mais fiel ou menos aos princípios que abraçou. Mas é inegável que a exigência do celibato acaba sendo, em muitos casos, uma solução socialmente aceitável para muitos indivíduos que, de outro modo, teriam de se haver com explicações nem sempre fáceis perante a família e a comunidade. Que importa que a esmagadora maioria dos padres cumpra o seu compromisso? Bastam uns poucos para produzir o desastre.
Há, ademais, considerações que seriam de ordem psicológica, que não podem ser articuladas apenas com os números e a lógica. Impedir que o padre possa constituir uma família cria, parece-me, mas deixo isto para os especialistas, uma espécie de solidão que a simples entrega ao trabalho espiritual e comunitário não conseguem compensar.
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