FIM DO CELIBATO 7: É um erro associar tal debate à esquerdização da Igreja; Ou: escolha consciente não evita o erro
É um erro supor que o debate sobre o fim do celibato integre o cardápio da esquerdização da Igreja. Aliás, é curioso notar que os expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, com exceções, passam longe do assunto.
Parece-me evidente que o primeiro efeito positivo do fim do celibato seria atrair para a Igreja vocações que não estão dispostas a abrir mão da bênção que é ter uma família. E, ao longo do tempo, o sacerdócio deixaria de ser um refúgio — e os escândalos estão aí à farta — para os que pretendem usar a Igreja como escolha socialmente aceitável para seus gostos. A Igreja, aqui e no mundo, está a precisar menos de homens que imitem Cristo num particular e mais daqueles que o sigam nos valores. Não é, infelizmente, o que se tem amiúde visto. Também essa escolha traria novos problemas para a Igreja? Sem dúvida. Acho, no entanto, que o ganho seria, ao longo do tempo, bem maior do que o prejuízo.
Sou o primeiro a afirmar — e, se vocês procurarem no Google, vão encontrar opiniões minhas anteriormente expressas a respeito — que ninguém é enganado ao escolher ser membro da hierarquia católica. O padre sabe que está obrigado à castidade e ao celibato. Portanto, a menos que peça desligamento, não pode fugir a essas duas práticas, entre muitas outras. Eu posso lastimar o que considero malefícios óbvios da castidade. Ele não pode. O que lhe está reservado é fazer de sua própria vida um testemunho exemplar
a) de sua fé;
b) de observância das leis da Igreja.
Infelizmente, as coisas não têm sido bem assim, não é mesmo? Para tristeza e estupefação dos católicos no Brasil e no mundo inteiro. Estou dizendo que, ao longo da história, o que foi uma seleção de homens para construir, com dedicação exclusiva, a Igreja de Cristo, tornou-se fonte de perturbação e de desmoralização. Para seguir "princípios"? Não! Trata-se de uma escolha feita, num dado momento e sob certas circunstâncias históricas, que hoje contamina o tecido da Igreja com um óbvio mal-estar.
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