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Reinaldo Azevedo

GENERAL DE BOLSONARO 4: Campanha tem de ter freio de arrumação. Até porque pode ser vitoriosa. Afinal, o que querem mesmo?

Reinaldo Azevedo

27/09/2018 22h31

De todo modo, a cúpula bolsonarista deveria se ocupar menos da guerra cultural na Internet — contra imprensa, movimento LGBT, o politicamente correto, o estatuto do desarmamento, os direitos humanos para bandidos — e se concentrar mais no que fazer com a economia. Porque, a esta altura, é visível que eles não sabem. Mas não é menos verdadeiro, também, que Bolsonaro pode ganhar as eleições. O cenário, hoje, segundo os institutos de pesquisa, é de absoluta indefinição.

Esperar que os adversários não explorem politicamente a fala do general, convenham, é pedir um favor ao adversário quando esse adversário, se o fizer, pode ser dar mal. De resto, o próprio Bolsonaro pode se informar melhor sobre esse e outros assuntos. Descartando o fim do 13º, ele lembrou que a garantia está no Artigo 7º da Constituição. Está mesmo, ele tem razão. Mas afirmou também que se trata de uma cláusula pétrea, que não pode ser mudada nem por emenda. Falso! A Carta traz, no Artigo 60, as ditas cláusulas. E o Artigo 7º não está entre elas.

Assim, caro general, o seu chefe na vida civil e subordinado na militar está errado. Dá, sim, para acabar com o 13º. Basta aprovar uma emenda constitucional.

De toda sorte, o ponto não é esse. O que me parece é que Bolsonaro precisa definir por que quer ser presidente da República, além de submeter a sociedade a um choque do que ele entende ser moral e civismo. Qual é o plano? É bom lembrar que o objetivo principal não é derrotar as esquerdas, mas governar o país. A eventual derrota da esquerda é só uma passagem da coisa toda. E olhem que, se acontecer, é só a tarefa mais fácil.

Como se vê, está difícil concatenar a fala de três pessoas. Imaginem dar organicidade a um governo de 207 milhões de pessoas. É uma piada que lidere entre os mais ricos e os universitários, pessoas, em tese ao menos, com mais acesso à informação. Ocorre que, hoje em dia, é preciso escolher a fonte de informação, não é mesmo?

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.