OS MILITARES E A IGREJA 2: Se governo quer homem seu no Sínodo, que tal um bispo entrar no governo? O “Young Pope” toparia na boa
Partiu do Gabinete da Segurança Institucional (GSI), cujo titular é o general Augusto Heleno — e não sei até onde a ordem original saiu da mesa do presidente Jair Bolsonaro —, a determinação, ora vejam, de interferir no Sínodo para a Amazônia, encontro religioso convocado pelo papa Francisco e que acontece no Vaticano entre os dias 6 e 27 de outubro. Por incrível que possa parecer, o governo decidiu acionar o Itamaraty com o intuito de que este fizesse chegar ao Vaticano a sua preocupação com o que se considera fatal: críticas duras ao governo Bolsonaro. Alguma voz movida pela insanidade, ainda que temporária, chegou a esboçar a intenção de haver um representante do governo brasileiro no encontro. Ai, ai… Se sou o papa — ou "The Young Pope" (imagem), o do seriado, na excelente interpretação de Jude Law — , respondo o seguinte: "Façamos um acordo: o governo Bolsonaro manda um representante seu para a reunião de bispos, com direito a voz, e a gente manda um representante nosso para a reunião ministerial". O que lhes parece. A Igreja tomaria decisões de olhos nos interesses do governo Bolsonaro, e o governo Bolsonaro tomaria decisões de olho nos pressupostos da Igreja. Se der, a gente revoga a separação entre Igreja e Estado. E, de quebra, ainda podemos decretar a anexação virtual do Vaticano. A gente planta na Praça São Pedro uma bandeira e grita uma de duas coisas, ou ambas: "Sou brasileiro/ com muito orgulho/ com muito amor". E, claro: "Mi-to/ mi-to/ mi-to".
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