Prisão de Lula, está demonstrado, provocou um efeito contrário àquele imaginado por xucros: sem ser confrontado, dá as cartas lá da cadeia
No Datafolha, Lula ultrapassa uma marca importante. Embora 48% digam que não votariam num candidato que ele indicasse, a verdade é que ele próprio superou a casa dos 50% contra adversários no segundo turno: 53% a 29% contra Alckmin; 51% a 29% contra Marina e 52% a 31% contra Bolsonaro. Nas menções espontâneas, seu nome saltou de 10% para 20% ultrapassando os 15% de Bolsonaro.
Sim, é notável! Afinal, Lula está preso e não pode falar pela própria voz; falam por ele. Também não concede entrevistas diárias, não pode andar pelo país nem participar dos debates. Como afirmei aqui tantas vezes, a prisão provocaria um efeito contrário àquele imaginado pelo antipetismo da direita xucra: candidato preso pode falar por meio de terceiras pessoas, mas não pode ser confrontado com suas próprias contradições.
A pesquisa Datafolha revela, também ela, a resiliência de Bolsonaro, mas deixa claro, uma vez mais, que é ele o adversário que todos querem. É o mais rejeitado, com 39%, e perderia para todos os seus oponentes no segundo turno, exceção feita a Haddad. Ocorre que este ainda é apenas o vice de Lula. Num enfrentamento em que o ex-prefeito fosse conhecido como a face do chefe petista, o resultado, tudo indica, seria diferente.
O que há de importante para acontecer? A propaganda no horário eleitoral e a declaração da inelegibilidade de Lula. Tudo indica que, pela primeira vez desde a volta das eleições diretas, os respectivos nomes dos dois postulantes que disputarão o segundo turno serão definidos nas três semanas que antecedem a eleição. Só os especuladores sorriem.