O Antagonista", aquele site de humor e negócios, publicou a seguinte nota:

A conspirata de Temer, STF e imprensa

Michel Temer, em viagem recente a São Paulo, despistou a imprensa e foi visitar Reinaldo Azevedo em seu apartamento.

O encontro clandestino só foi revelado porque jornalistas gostam de contar vantagem para outros jornalistas.

Há uma pinguela que une a ORCRIM peemedebista, uma parte do STF e seus porta-vozes na imprensa.

Eles conspiram contra a Lava Jato e fazem de tudo para se safar da cadeia.

Retomo
Vamos pela ordem.
1 – O presidente Michel Temer esteve na minha casa no dia 14 de junho. Considerando a agenda presidencial, não foi em viagem recente.

2 – Encontro clandestino uma ova!

a: um carro, com link, da Globo, ficou estacionado em frente ao prédio; seguiu o presidente até o meu apartamento;

b: um cinegrafista da emissora filmou, o que me pareceu bastante impróprio, todas as pessoas que entravam no edifício ou dele saíram, a pé ou de carro, no melhor estilo "câmera-na-cara-mídia-ninja";

c: sei precisamente a data porque enviei uma mensagem de voz a Ali Kamel, diretor-geral de jornalismo e esportes da Globo. É uma mensagem privada, que nada tem de imprópria, além de uma indignação justa. Eu a atenho aqui. Não é o caso de divulgá-la, mas também não há nada que o impeça;

3 – notem que o texto estabelece uma ligação entre a "organização criminosa", uma "parte do STF" (covardemente, Diogo Mainardi e Mario Sabino não citam nomes) e seus "porta-vozes na imprensa. O objetivo seria se safar da cadeia. Ou por outra: essa parte do STF, eu e Temer deveríamos estar na cadeia, segundo a dupla dinâmica. É verdade! E o lugar de Joesley Batista é em Nova York, certo? Digam-me: vocês fazem isso por prazer ou por profissão?;

4 – bem, o único que safou da cadeia, até agora, foi Joesley Batista, que, me dizem, é tratado em "O Antagonista" como um perseguido;

5 – que eu saiba, metade do site "O Antagonista" pertence à Empiricus, que é, sei lá, uma corretora de valores (ou algo assim). Já me disseram que quem se inscreve para receber boletins do site supostamente noticioso acaba na agenda da… Empiricus;

6 – recebo, a exemplo dos Marinhos e outros, quem eu quiser na minha casa. Essa não foi a primeira visita de Temer; não será a última. O convite está feito. Lá já esteve, por exemplo, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Outros políticos fizeram a mesma coisa, das mais diversas legendas;

7 – se eu quisesse marcar um encontro "clandestino" com alguém, não seria na minha casa. Mas, felizmente, não preciso fazer isso;

8 – o MPF ou a PF, vamos ver quem, fez-me o favor de divulgar minha conversa com uma fonte, Andrea Neves; lá está um exemplo das minhas "conversas perigosas";

9 – "O Antagonista", que se tornou tristemente célebre — e vejam, Diogo e Mario, como eu estava certo em me recusar a ser sócio de vocês — , é hoje a página que mais colabora, objetivamente, para o renascimento da esquerda no país;

10 – o PT estava liquidado! Saiu destruído das urnas em 2016. Rodrigo Janot e o jornalismo "vai-ser-preso-amanhã" fizeram o desfavor ao país de juntar todos os gatos no mesmo saco;

11 – ficaram vendendo a "prisão de Lula" a incautos; o juiz Sérgio Moro não caiu na conversa. Se criticaram o magistrado ou não, isso não sei porque realmente não leio. Não aprovo o seu jeito de fazer clipping. Os demais veículos apuram as notícias, e eles apenas lhes acrescentam um tanto de peçonha interessada;

12 – a ida do presidente à minha casa nunca foi clandestina. Falei a respeito com um monte de gente;

13 – conheço Michel Temer muito antes de ser presidente. Ele dizia me dever uma visita desde dezembro, quando um aneurisma cerebral me levou à mesa de cirurgia. Não foi um encontro político — até porque não represento ninguém;

14 – "Ah, então não falaram de política?" Claro que sim! O presidente é político, e eu escrevo e falo sobre política;

15 – que coisa, né? Quando um diretor da Odebrecht disse ter visto Diogo, no restaurante Gero, do Rio, numa mesa em que se encontrava um suposto pagador de propina, ele gravou um vídeo vociferante, furioso, alucinado. Curiosamente, seu ódio se voltava menos ao tal que fez a afirmação do que ao site que noticiou o fato;

16 – quando vazaram a minha conversa com Andrea, dizem-me, o site em questão foi o único a não ver nada de errado;

17 – dizem-me também que comemoraram o fato de um ter saído da Jovem Pan e da VEJA; viam-me, suponho, na Rua da Amargura; as coisas melhoraram em muitos aspectos;

Bem, meus caros, meus ganhos são os meus ganhos, como sabem os órgãos oficiais que cuidam desse assunto. Vivo de acordo com as minhas posses. Se o dólar sobe ou desce, o resultado me é irrelevante. Trabalho para empresas jornalísticas.

Esse ódio permanente, secretado contra mim em particular, transforma "O Antagonista" numa caricatura, o que é uma pena. Especialmente quando esse alvo preferencial havia sido convidado para ser sócio do empreendimento. Mario me fez a proposta tentadora, que poderia ser resumida assim: eu escreveria, ele seria o chefe, e Diogo entraria com o nome. Não topei.

Foi "O Antagonista" quem falou em cadeia, certo? Bem, o tempo dirá quem vai, quando menos, "costear o alambrado", como dizia Leonel Brizola.

Até lá, um pedido: parem, Mário e Digo, de tentar reeleger Lula.

Não será uma coisa boa para o país.

De resto, um conselho aos dois: tentem achar um jeito digno de ganhar a vida.

Para encerrar
"O Antagonista" resolveu aparecer no mercado me atacando. Foi uma decisão comercial. Funcionou por algum tempo. Hoje, todo mundo já sabe o que se faz por ali. A página caiu em descrédito — coisa complicada nesse ramo de negócios. Aí tiveram uma ideia: "Vamos atacar o Reinaldo de novo? Quem sabe? Afinal, ele se encontrou com o presidente!!!".

É verdade. E não tinha nem comprado nem vendido dólares no dia anterior.