Atribuir os solavancos à gestão Temer é erro ou má-fé. O governo já está precificado na conta como passado. Especulação olha para o futuro
Reinaldo Azevedo
08/06/2018 08h19
Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, fez muito bem em deixar claro que o governo usará dos recursos de que dispõe para conter a disparada do dólar. A intervenção pode ser eficaz no curto prazo, mas não elimina as incertezas.
E, claro, não tenho como ignorar uma ironia — ou um cinismo — da história. Bancos, corretoras, entidades outas ligadas ao mercado em seus mais variados ramos costumam chamar juízes e procuradores comprometidos com a destruição da política para dar palestras. Os astros são aplaudidos de pé, ganham título de homens do ano e comendas.
Tão logo chegam a suas respectivas casas, sustentadas pelo Bolsa Mamata, aqueles mesmos que os aplaudiram olham o quadro eleitoral e dizem: "Xiii, danou-se!". Pois é! Tudo o mais constante — e sempre resta a esperança de que o horário eleitoral possa mudar o rumo da prosa —, teremos um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Ciro Gomes.
Isso sintetiza a grande herança do lado doidivanas da Lava Jato. Mas consta que a maioria ainda quer mais. Ok. Dólar não tem teto. Já a intervenção do Banco Central tem.
Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.