EUA suspendem política de tolerância zero para famílias imigrantes
Reinaldo Azevedo
26/06/2018 06h35
Os agentes de fronteira dos EUA deixarão, por ora, de recomendar a denúncia criminal de imigrantes acompanhados de menores que cruzem a fronteira ilegalmente —o que, na prática, interrompe a política de tolerância zero anunciada pelo governo de Donald Trump. A informação foi confirmada pelo chefe da Patrulha da Fronteira Americana (CBP, na sigla em inglês), Kevin McAleenan, nesta segunda-feira (25). A Casa Branca informou que esta é uma solução "temporária", que se deve à absoluta "falta de recursos" do Estado para processar e abrigar todos os imigrantes, segundo a secretária de imprensa, Sarah Sanders. "Nós estamos simplesmente sem recursos, sem espaço", afirmou.
Atualmente, cerca de 40 mil pessoas são detidas por mês, ao tentarem entrar ilegalmente nos Estados Unidos pela fronteira com o México. O alto fluxo de estrangeiros, somado à política de tolerância zero da administração —Trump que passou a processar criminalmente todos os adultos pela travessia ilegal—, causou caos nas cortes federais americanas e lotou os centros de detenção de imigrantes, conforme mostrou reportagem da Folha. No mês de abril, quando passou a valer a nova estratégia, cerca de 8.000 pessoas foram processadas e encaminhadas a prisões federais.
Foi também essa estratégia que levou à separação de centenas de crianças de seus pais, que atravessavam a fronteira em família. Por lei, menores de 18 anos não podem permanecer em presídios federais, e ficavam sob a guarda de abrigos mantidos pelo governo. Com a medida anunciada nesta segunda-feira, os imigrantes que atravessam a fronteira com menores voltarão a ter seus casos tratados em cortes de imigração, e não em ações criminais, como vinha ocorrendo.
(…)
Na Folha
Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.