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Entrevista evidencia ser Marina um Bolsonaro que, em vez de garrucha, tem uma flor na mão. Nem uma nem outra servem para governar

Reinaldo Azevedo

01/08/2018 07h03

Marina e Bolsonaro: no fundo, são parecidos. Uma com flor, outro com garrucha.. Duas irrelevâncias para governar

Marina Silva, candidata da Rede, à Presidência, concedeu uma entrevista nesta terça a um batalhão de jornalistas da GloboNews, num programa intitulado "Central das Eleições". Nunca antes tantos se reuniram para ouvir tão pouco de quem ainda se coloca no grupo dos nomes favoritos a figurar no segundo turno. Peguemos dois temas considerados vitais para o futuro do país e nos quais a posição do presidente da República e fundamental: reformas da Previdência e Trabalhistas. A candidata acha que é preciso corrigir distorções e coisa e tal — sempre lembrando que a primeira nem sequer existe. Mas não! Ninguém conseguiu saber o que ela pensa sobre esses assuntos.

E sobre nenhum outro.

Como já apontei aqui, "Marina é uma aventura que só não é solitária porque arrebanha alguns fiéis. Nesse sentido, ela se parece muito com Jair Bolsonaro, embora as suas respectivas igrejas tenham credos bem distintos."

Até a saída que usam para se esquivar de escolhas é a mesma. Quando o candidato do PSL não tem o que dizer sobre um determinado tema, especialmente na área da economia, afirma que vai consultar Paulo Guedes, que chama, com seu particular sendo de humor, de seu "Posto Ipiranga". O Posto Ipiranga de Marina, como ficou claro, de novo, nesta terça, é "fazer o debate", seja lá o que isso signifique.

Sua opinião sobre os óbvios privilégios de que goza o funcionalismo, especialmente na questão previdenciária, é um mimo do marinismo:
"No contexto de olhar todos os privilégios, eu terei uma posição de olhar o reajuste dos servidores. Vou cortar privilégios, sim (…) Sempre se pega o funcionário público como se ele fosse o bode expiatório, mas eu quero fazer o debate pegando todos os privilégios. Os servidores públicos devem também fazer seu sacrifício, dentro do conjunto da obra, olhando para todos. Agora, isoladamente, aí fica injusto."

Você não entendeu nada?

Nem eu.

Nem ela.

Acho que Marina apenas quis dizer que não tem a mais remota ideia do que fazer.

Nessa disputa, em suma, ela é uma espécie de "Bolsonaro do bem". Em vez de uma garrucha, tem uma flor na mão. Nem uma coisa nem outra servem para governar o Brasil.

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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.


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