Programa de Bolsonaro 6: se candidato falhar, empresários entusiastas deveriam contratá-lo em apoio a armas na firma. E os números reais
Reinaldo Azevedo
15/08/2018 06h39
Em tempo, e estes são números reais: entre 1980 e 2014, morreram 977.981 pessoas no país vítimas de armas de fogo — em 85% dos casos, homicídios. Os dados não foram tirados do cotovelo nem, claro!, do rico lobby das armas. São números do Mapa da Violência. O Estatuto do desarmamento é de 2003. Permite, reitero, que o sujeito tenha uma arma em casa e cria severas restrições ao porte em ambientes públicos. Há estados em que violência cresceu brutalmente no período, e há outros, em que caiu de modo eloquente, como é o caso de São Paulo.
Estou entre aqueles que acreditam que o "Estatuto" não é relevante nem num caso nem em outro. O que conta é a eficiência ou não de políticas de segurança pública. Uma coisa, no entanto, é certa porque a experiência mundial prova ser certa: mais armas circulando aumenta o número de homicídios — e dos homicídios por causa fútil, por briga banal.
Em 2017, segundo o Fórum Nacional de Segurança Pública, caiu o número de latrocínios — roubo seguido de morte —, mas cresceu o número de homicídios. A causa das armas é indefensável a não ser por razão exclusivamente ideológica, que ignora a realidade, ou por interesse: o lobby das armas paga bem.
Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.