COMO INFLUENCIAR E MATAR PESSOAS 2: A única conclusão a que um ser moral pode chegar: falta rigor ambiental, não o contrário
Reinaldo Azevedo
26/01/2019 21h14
Como já afirmei aqui, essa votação não tem relação de causa e efeito com a tragédia. Apenas revela como são feitas as coisas no país. Uma conselheira — Maria Teresa Viana de Freitas Corujo, do Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (Fonasc) — votou contra, com palavras duras. Chamou a decisão de "abominável". O representante do Ibama — Julio Cesar Dutra Grillo — se absteve, o que não deixa de ser curioso. Afinal, em seu voto, ele mesmo chamou a atenção não para os riscos novos que a ampliação da produção ensejaria, mas para os que já existiam: justamente o rompimento da barragem que… acabou se rompendo. Abstenção por quê?
Ou por outra, meus caros: optou-se pelo licenciamento rápido em razão do suposto baixo rico que provocaria a elevação da produção quando era de conhecimento do grupo que, tudo o mais constante, sem mudança nenhuma, a possibilidade de rompimento já existia. Sim, a avaliação técnica atestava a segurança da barragem. Como se vê… Qual é a única conclusão a que pode chegar um ser moral? É preciso aumentar o rigor, não diminuí-lo, como se fez ali e como se tende a fazer em Minas e em toda parte, agora que chegou ao poder esta seita que, à luz do dia, faz cara de liberal e, à sombra, remete à fuça do que há de mais velho e encarquilhado no país. É na condição de liberal que digo: o liberalismo não foi feito para matar ninguém.
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Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.