O ARTIGO DE LULA 2: Odebrecht quase quebra, mas Lava Jato é multibilionária
Reinaldo Azevedo
07/04/2019 17h16
Não é fabuloso? A Odebrecht quase quebrou, mas a Lava Jato, se fosse uma empresa, seria uma das mais poderosas do país, Quem tem o caixa disponível que ela tem? E, para tanto, não precisa produzir um parafuso. Basta produzir discursos salvacionistas e sair por aí a prender pessoas, convencendo-as depois, com direito a exibição nas TVs, a entregar cabeças, que são demonizadas sem direito a defesa. Na mais recente exposição do ex-governador Sérgio Cabral, não faltaram nem mesmo elogios ao juiz — no caso, Marcelo Bretas, um homem de inegável musculatura jurídica.
Combater a corrupção é necessário. Mas algo de errado se dá quando empresas são destruídas, milhares de empregos vão para o ralo, e um ente bilionário se constrói com os recursos oriundos dessa operação, sem empregar ninguém.
O erro evidente do artigo de Lula — e é um erro mesmo que seja de caso pensado; mesmo que tente ser uma estratégia — está em ignorar que ele não está preso porque um centro conspirador decidiu destruir o PT. A falha está em não reconhecer que o que chamo Partido da Polícia (Papol) decidiu tomar o poder, com o apoio, sim, de amplas camadas da sociedade, inconformadas com a corrupção que existe e também com a que não existe, já que até o diálogo político foi demonizado.
Bolsonaro resolveu pegar carona nessa onda e levou Moro para o Ministério da Justiça, tornando-se também o seu refém. Há sinais de fadiga e até de fratura nessa poderosa construção que capturou fundos públicos com a mesma facilidade com que capturou consciências. Vamos ver. Sim! Ainda falarei da prisão de Lula em si. Seus direitos individuais estão sendo agredidos. E por intermédio dessa agressão, também as leis e a Constituição.
Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.