RADICALIZANDO 5: Para futuro ministro, crack é parte de um complô comunista
Reinaldo Azevedo
08/04/2019 21h23
Homem consumindo crack: preciso perguntar ao futuro ministro se ele é vítima ou agente do comunismo internacional
Numa entrevista concedida ao Estadão em agosto de 2018, Weintraub, o futuro ministro, deixou claro com que marcos, digamos intelectuais está lidando. Afirmou: "Durante o século XX, mais da metade das pessoas do mundo viveram sob alguma forma de terror. Hoje, a América do Sul, e o Brasil em particular, faz parte do espaço vital de uma estratégia clara para a tomada de poder por grupos totalitários socialistas e comunistas. Eu não acreditava nisso. Achava que era teoria da conspiração. Todavia, está tudo documentado! O Foro de São Paulo é uma realidade! As FARC eram convidadas de honra. O crack foi introduzido no Brasil de caso pensado. Vejam os arquivos, está na internet!"
O que o Foro de São Paulo — que, sim, existe e ao qual as Farc chegaram a pertencer — tem a ver com a suposta introdução planejada do crack no Brasil é um mistério que só ele e as fontes que ele consulta na Internet conhecem. O contexto sugere que tudo não passou de uma tramoia dos comunistas para, sei lá, talvez amolecer o espírito varonil dos brasileiros, o que facilitaria, então, a execução do plano para tomar o país. Vamos ver quais serão as consequências.
O que me parece é que Bolsonaro fez uma escolha que vai lhe permitir manter-se em guerrilha permanente com "o marxismo cultural". O diabo é que, para essa gente, "marxismo cultural" é tudo aquilo que difere de suas teses paranoicas. E, ora vejam, nesse saco de gatos pardos, até os militares viraram inimigos. O Brasil acima de tudo; Deus acima de todos, e a insanidade acima de Deus.
Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.