A "fake news" costuma ter uma parceria inseparável, que é, na verdade, a mais ranheta das gêmeas: a "fake opinion". Das duas, é a parte judiciosa. A primeira só se espanta com a mentira que eventualmente lhe cai no celular; a segunda forma logo um juízo, opina com severidade a partir do dado falso e não costuma estar aberta ao contraditório. Porque esta também é uma fatalidade nesses casos: quanto mais desinformada é a opinião, mais convicto se mostra quem a emite, mais fechado à possibilidade de que possa não ser exatamente daquele jeito, mais avesso aos que enxergam de outro modo a realidade. Sim, isso é muito chato. A Internet operou maravilhas, como sabemos, mas também conferiu à estupidez uma visibilidade que ela nunca teve antes. E isso tem reflexos também na política e pode comprometer a sobrevivência das melhores virtudes da democracia.
Continua aqui