Depois da invasão, quem tem vergonha na cara retira assinatura da Lava Toga
Reinaldo Azevedo
20/09/2019 07h45
Bem, com um mínimo de vergonha na cara, nem precisa muita coisa, os senadores que hoje são signatários do requerimento retiram suas respectivas assinaturas. Se a mantiverem, não honram o mandato que têm e os Estados que representam.
"Não entendi, Reinaldo! Barroso não é um ministro do Supremo, e não é justamente um ministro do Supremo a autorizar uma ação amalucada no Senado?"
Não. Quem autorizou a ação contra Bezerra não foi um ministro do Supremo, mas um ministro da Lava Jato.
É assim que Barroso tem se comportado na Casa.
Os que assinaram o requerimento em favor de uma CPI inconstitucional não têm como alvo, por óbvio, um Barroso. Seu objetivo é atingir os ministros que consideram adversários da operação. Quais? Ora, os que seguem os ditames constitucionais.
Vale dizer: o pedido de CPI é a chicana promovida por aqueles que querem colar seu nome à operação.
Vocês imaginam, por caso, Álvaro Dias (Podemos-PR) ou o tal Alessandro Vieira (Cidadania-SE) a protestar contra a ação de Barroso?
O mais provável é que o grupo silencie. Talvez seus integrantes alimentem a esperança de que, ao se comportar como contínuos da operação, fiquem a salvo de qualquer ato intimidatório.
Gente tarada por guilhotina sempre acha que o próprio pescoço não corre nenhum risco. Não é o que ensina a história.
Assim, ao contrário de certa suposição, o arreganho autoritário de Barroso evidencia ainda mais o absurdo da tal Lava Toga.
Quem invadiu o Senado e a Câmara foi a Lava Jato. Por intermédio da autorização dada por um de seus esbirros.
Depois da invasão, quem tem vergonha na cara retira a assinatura da Lava Toga. Ou se comporta como vândalo da Casa congressual de que faz parte.
Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.