Aprofunda-se cisão ao avaliar governo entre os mais pobres e os mais ricos
Reinaldo Azevedo
09/12/2019 07h28
Ou por outra: o saldo a favor do governo Bolsonaro entre os mais ricos era de quatro pontos há oito meses; agora, é de 14. O saldo negativo entre os mais pobres era de oito pontos em abril; neste dezembro, saltou para 21. Acham que o governo é ótimo ou bom 35% dos que recebem de dois a cinco salários — em abril, 36%. Nesse grupo, veem o governo como ruim ou péssimo 31% (ante 25% em abril).
Na faixa de cinco a 10 mínimos, há uma quase estabilidade: a gestão era ótima ou boa para 43% há oito meses: segue tudo na mesma: 44% agora. Nesse grupo, viam o governo como ruim ou péssimo 28%; desta feita, 31%. O conjunto é preocupante para o Planalto? É claro que sim!
Quase metade da população — 44% — tem renda mensal até dois mínimos. É justamente o grupo em que a avaliação do governo se deteriora. Outros 40% recebem entre dois e cinco mínimos. Eis aí, convenham, a turma a merecer especial atenção de governo e oposição.
A parcela dos que recebem de 5 a 10 mínimos já despenca: apenas 9% da população. E somam apenas 3% os que recebem mais de 10 mínimos. Com alguma frequência, convenham, nós nos esquecemos da iniquidade da renda no Brasil.
Por enquanto, Bolsonaro captura uma parcela dos pobres não com iogurte, mas com reacionarismo religioso e de costumes. Vai demorar até que possa lhes acenar com alguma coisa em economia. Se é que vai. Pergunta: o que têm as lhes dizer as oposições? E aquele tal centro?
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Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.