LULA FALA 1: Amigão de Moro resolve rasgar decisão do STF; que deixe cargo

Lula: ex-presidente vai finalmente conceder entrevista. Delegado da PF parece ter predileção por atropelar seus direitos (Foto Cristiano Mattos/ Futura Press)

Luciano Flores de Lima é delegado da Polícia Federal. Era superintendente do órgão no Mato Grosso do Sul quando foi indicado por Sérgio Moro, ministro da Justiça, para comandar a seção do Paraná. Entra-se na PF por concurso. Mas a superintendência é cargo de confiança. No caso, de confiança mesmo: Lima e Moro são amigos de fé, irmãos, camaradas. Além dessa qualidade, parece que o doutor Flores de Lima tem outra: mostra-se, em casos momentosos, um pândego. E tudo indica que tem predileção pela saliência quando suas ações dizem respeito ao ex-presidente Lula. Viu-se nesta quinta-feira um episódio insólito: o delegado resolveu se comportar como o Supremo do Supremo. O tribunal levantou a absurda interdição, esta sim a caracterizar censura prévia, a que os jornais Folha de S. Paulo e El País entrevistassem Lula na cadeia. Autorizada a entrevista, o superintendente não hesitou: resolveu transformar o que era uma solicitação de dois veículos — e, por óbvio, era preciso contar com a concordância do petista, que não é obrigado a falar — numa entrevista coletiva. O texto em que anuncia que pretende desrespeitar uma decisão do Supremo começa com um erro crasso de gramática, no que talvez pretenda emular com seu chefe, Sérgio Moro, e termina com o que caracteriza inapetência intelectual para a função ou cinismo. Em qualquer dos casos, um cargo de confiança não lhe cai bem. O que fez não o inabilita, em princípio, para ser delegado. Mas ele deveria perder o cargo de confiança, a menos que Moro esteja anunciando que pretende, ele também, entrar em rota de colisão com o Supremo.
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