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Reinaldo Azevedo

General Heleno não será vice de Bolsonaro. Lá se vai a minha frase de efeito, e um general não baterá continência para um capitão. Ainda bem!

Reinaldo Azevedo

18/07/2018 13h58

Pois é…

E ainda não será desta vez que um general de quatro estrelas vai bater continência a um capitão.

O general Augusto Heleno (PRP) resolveu tornar sem efeito a minha frase de efeito sobre a teratologia que seria gerada quando se misturam farda, pijama e política. Ele não será o vice de Jair Bolsonaro (PSL) porque seu partido não quis fazer a composição. Heleno avisa que continuará a ser um soldado do capitão reformado, mas vice, bem, isso não.

Quando aquele que ainda lidera as pesquisas — no cenário em que Lula está ausente — não consegue o apoio nem de uma microlegenda como o PRP, estamos diante de uma evidência clara de desconfiança. Ou essa desconfiança recai sobre as virtudes individuais do candidato. Ou se assenta na leitura de que seu pleito será malsucedido. Ou, ainda, por estranho que pareça, no risco de que o dito-cujo possa vir a ser eleito. Afinal de contas, caso conseguisse chegar lá, Bolsonaro governaria com quem? Sabe Deus… Uma coisa é certa: teria de promover um tal loteamento do governo que não existiria uma "gestão Bolsonaro", mas um condomínio de forças políticas dispersas, cada uma delas tentando arrancar do Estado aquilo que a faria feliz. O governo já nasceria desconstituído.

E, podem apostar, não seria muito diferente com Marina Silva (Rede), outra que não consegue sair de seu casulo. Ainda que ela tenha mais trânsito político do que ele; ainda que ela goze de uma respeitabilidade, no establishment político, incomparavelmente maior, os partidos que passariam a constituir a base do governo haveriam de pôr um preço. Arcar com o apoio ao poder de turno, meus caros, traz consigo necessariamente um peso. O discurso de oposição, não importa quem esteja no poder, é sempre mais fácil — a menos que o país viva um raro período de bonança. Os dias, convenham, não estão para isso. Ao contrário: o próximo presidente terá de se haver com uma agenda das mais pesadas.

Quem, afinal, constituirá a base de apoio?

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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.