GENERAL DE BOLSONARO 3: Debate proposto por vice é legítimo. Será que chegou a hora de diminuir a renda do trabalho para país mudar?
Observem: trato o tema do fim do 13º salário ou do adicional de férias sem preconceito nenhum. Acho perfeitamente debatível se o melhor não seria que cada trabalhador negociasse diretamente com o contratante as condições da venda de sua mão-de-obra. O mundo está aí para servir de exemplo. Haver direitos demais ou de menos não são categorias ontológicas ou caídas do céu. Quando se compara com o resto do mundo, o que se tem? A renda do trabalho, no Brasil, é mesmo um dos fatores que impedem o nosso desenvolvimento?
Noto que uma das ilusões de certo ultraliberalismo que me parece flertar com o fim do Estado é se livrar, então, desse agente consumidor de recursos e gerador de ineficiências. Certo! O problema é que essa ideia, em estado puro, parece mais adequada a sociedades que já garantiram a amplas maiores um estado de bem-estar que criaria barreiras para que se involuísse para a barbárie. No Brasil, a barbárie já está nas ruas, nos morros, nos vales da pobreza, no semiárido, nas periferias das grandes cidades…
Dá para brincar de fim do Estado? Acho que não! A prudência recomenda que ele seja domado, para que pare de cuidar de si mesmo, como um ente autônomo, e passe a prestar serviços para as pessoas. Certamente precisamos de menos Estado empresário. Mas precisamos de mais Estado nos lugares onde a vida não faz inveja aos bichos selvagens porque estes arrancam o seu ótimo do estado da natureza. E nós nos tornamos humanos é pela cultura. Construímos o nosso meio-ambiente. No Estado da natureza, viramos um bicho de maus bofes.
O debate proposto pelo general Mourão não é ilegítimo. A questão é saber de quais premissas ele parte e qual é a proposta.
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