O GOVERNO E A FARDA 4: Santos Cruz diz que falará com todo mundo, incluindo esquerdas; fala é boa; a do civil Bebbiano havia sido ruim
Santos Cruz, o general que vai desempenhar a função de articulador político, concedeu entrevistas que são bastante tranquilizadoras, embora sua especialidade sejam mesmo as artes da guerra e da paz — conquistada esta no campo de batalha. Já serviu a missões no Haiti e no Congo. Ganhou experiência recorrendo à força, quando necessário, para, como ele mesmo reconheceu, impor a pacificação. Como deixou claro em entrevista, e com acerto, há circunstâncias em que o respeito aos direitos humanos passa por esse uso da força. Tudo isso pode fazer dele um militar exemplar. Mas o que tem a ver com a política? Como é que isso colabora para, por exemplo, convencer os parlamentares da necessidade de se votar a reforma da Previdência? O militar da reserva disse que vai conversar com todo mundo, incluindo os parlamentares de esquerda, se necessário, porque todos foram eleitos. Está correto. Aplaudo a fala. Não faz tempo, Gustavo Bebbiano, que ainda se apresentava como candidato a ministro da Justiça, afirmou que não haveria diálogo possível, de nenhuma natureza, com as esquerdas. Nesse particular, o futuro ministro da Secretaria de Governo, um militar, se mostra mais preparado, do ponto de vista dos valores ao menos, do que o futuro titular da Secretaria-Geral da Presidência.
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