Reforma de Guedes? Morta! De Temer? Talvez — se Bolsonaro parar de sabotar
Escrevi aqui na manhã de ontem uma série de posts com a chave "A REFORMA DE GUEDES MORREU". Segue aí o link para quem não leu. Sim.! Acabou. Aquela da economia de R$ 1 trilhão já era porque não existe base no Congresso para aprová-la e porque o presidente Jair Bolsonaro não a quer, ora bolas! Aliás, o próprio ministro da Economia o admitiu nesta segunda em encontro com prefeitos. Como ele não entende nada de política, diz coisas esquisitas.
Afirmou sobre Bolsonaro:
"O presidente Bolsonaro sabe que é uma reforma difícil, mas sabe que vai libertar futuras gerações. Ele encaminhou uma proposta com 62 anos. Qual o problema de ter opinião diferente? Ele fez a parte dele, entregou a nossa proposta".
Está tudo errado.
Guedes acha que "a parte" de Bolsonaro é entregar a proposta. E o Congresso que se vire para aprovar. Aliás, é o que também pensa o presidente. Ontem, Rego Barros, o porta-voz, afirmou que seu chefe se sente também parte da reforma.
Continua errado.
A proposta é do governo ou não é?
O que quer o presidente? Que a história reconheça o seu governo aquele que reformou a Previdência, mas que, no curto prazo, o peso eleitoral das mudanças caia sobre os ombros dos parlamentares? Não vai acontecer.
Parlamentares do chamado "Centrão", com os quais Bolsonaro até agora não se entendeu, já falam em recuperar a proposta do ex-presidente Michel Temer. Na sua última versão, a economia em 10 anos estava projetada em torno de R$ 500 bilhões — distantes, portanto, daquele R$ 1 trilhão que o ministro da economia considera inegociável.
Nesta segunda, Bolsonaro falou com ministros que era hora de harmonia com o Congresso, de pacificação. Pouco depois, tuitou um comentário do jornalista bolsonarista Alexandre Garcia que acusa Rodrigo Maia, presidente da Câmara, de estar descontente porque seu "sogro" tinha sido preso. O comentário apoiava ainda as críticas que Carlos Bolsonaro fizeram a Maia em razão de seu conflito com Sérgio Moro. Nota: Moreira Franco, beneficiado nesta segunda por habeas corpus, é padrasto da mulher do deputado, e os dois tem divergências políticas razoáveis, que ficaram claras no governo Temer.
Garcia diga o que quiser se acha que é isso. Só teria de explicar o descontentamento anterior. Mas isso é com ele. Absurdo é o presidente reproduzir o comentário, em evidente sinal de assentimento. Não era para pacificar?
Maia já avisou que não dará curso a pautas-bomba nem vai usar o cargo para ameaçar o presidente com o impeachment, já que o primeiro passo de uma eventual denúncia é a aceitação ou não do requerimento pelo presidente da Câmara.
Mas também deixou claro que está fora da articulação.
Haverá alguma reforma da Previdência? Alguma, haverá.
A de Guedes? Está morta e enterrada?
A de Temer? Ainda pode ser ressuscitada. E, ainda assim, pode ser descarnada porque Bolsonaro fez o favor de apresentar uma reforma para os militares junto com um plano de carreira da categoria que só serve para alimentar o discurso dos que se opõem às mudanças.