GOVERNO NO CHÃO 3: 448 votos a 3 e 453 a 6; sobram só R$ 45 bi a Guedes

Notem: se uma das Casas do Legislativo aprova uma emenda que vai praticamente engessar o governo, que chance haveria de aprovar a ilusão de Paulo Guedes, que era um orçamento sem amarras? Segundo estudos, se o texto do Orçamento Impositivo é aprovado no Senado como está, de um total de R$ 1,4 trilhão, o governo poderá arbitrar sobre R$ 45 bilhões. Coloquemos em percentuais: isso representa 3,2%. A atual margem de manobra é da ordem de 10% porque 90% já estão comprometidos com desembolsos obrigatórios e Previdência. Ah, o placar foi alargado, alargadíssimo. Propostas de Emendas Constitucionais precisam ser aprovadas em duas votações com pelos menos três quintos dos parlamentares. No caso da Câmara, são necessários 308 votos. No primeiro escrutínio, o governo foi derrotado por 448 votos a 3; no segundo, por 453 a 6. Fato raro: as duas votações foram feitas no mesmo dia. Não foram votações, mas recados. Um conselho a Guedes: melhor tentar negociar, a esta altura, a reforma da Previdência factível do que ser reformador do mundo. Quem tem Bolsonaro como chefe tem ainda menos direito de perguntar por que melancia nasce em rama tão delgada, e a pequena jabuticaba, em tronco tão grosso. Ou bem se quer reformar o mundo, ou bem se quer ser chefiado por Bolsonaro, né, Guedes?
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