GOLPE, SIM! 1: Ordem do Dia militar “rememora” 1964 e violenta a história
Vamos lá. A "Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964", assinada pelo ministro da Defesa e pelos três comandantes militares, faz má história, mas não "comemora" o golpe — em sentido festivo —, conforme havia determinado o presidente Jair Bolsonaro. O verbo "comemorar" foi empregado pelo seu porta-voz, general Rego Barros, que é militar da ativa. Desta vez, a emenda saiu melhor do que o soneto, mas o resultado continua ruim. O esforço para buscar, vamos dizer, a neutralidade é visível no texto. E se deve relevar, claro!, a iniciativa algo conciliatória, dado o espírito de revanche que marca a iniciativa do presidente da República. Contou a habilidade de Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa. Assim como os defensores da Terra Plana e do criacionismo, no entanto, a negação do óbvio tem de passar, necessariamente, pelo duplo twist carpado argumentativo, que consiste em dar uma pirueta sobre a realidade. A nota tem um tom sóbrio, mas não escapa da mistificação.
De resto, é fácil saber se foi revolução ou golpe. Quem pagava o salário de quem conduzia os tanques? Era o Estado Brasileiro? Então foi golpe.
Continua aqui