ATAQUE 1: Bolsonaro reencarna deputado do baixo clero e faz ataques a esmo
Já com a caneta na mão, Jair Bolsonaro, presidente da República, teve um ataque de candidato e de líder da greve dos caminhoneiros — e assim ele se comportou em maio de 2018 — e suspendeu o reajuste do diesel na sexta-feira passada. As ações da Petrobras despencaram. Depois disso, abriu uma linha de crédito do BNDES para caminhoneiros, anunciou a realocação de R$ 2 bilhões do Orçamento para melhorar as estradas e prometeu implementar uma forma de proteger a categoria do reajuste do diesel. Nesta quarta, a empresa anunciou o novo reajuste. Um simples chilique de quem se comporta com um deputado do baixo clero e sai atirando primeiro para perguntar depois custou alguns bilhões à companhia em valor de mercado. Nesta quarta, menos de uma semana depois, eis que o chefe do Executivo encarna de novo o parlamentar entre arruaceiro e boquirroto. Na sua já tradicional "live", que tem virado motivo de chacota até entre seus eleitores, atacou o Ibama, a Funai, as ONGs e chegou a fazer ameaças. E tudo se deu no dia em que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara adiou a votação do texto da reforma da Previdência — que, já se sabe, deve passar por uma cirurgia de extração de propostas. Ou corre o risco de ser derrotada. Sim, é bem verdade, não se espera que um estadista se manifeste por "lives", como um desses moleques que fazem fama em canais da Internet. Mas o presidente exagerou. Mesmo para seus próprios padrões, já tão elásticos.
Continua aqui