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Reinaldo Azevedo

REFORMA 2 - Única virtude do pronunciamento é repor Maia como protagonista

Reinaldo Azevedo

25/04/2019 07h25

Vejam que coisa: um dia depois de a CCJ aprovar a admissibilidade da reforma da Previdência, a Bolsa, nesta quarta, caiu 0,92%, e o dólar resolveu rondar a casa dos R$ 4, fechando a R$ 3,9870, com valorização de 1,63%. É o maior valor desde 1º de outubro de 2018, sob a influência, então, de incertezas eleitorais. Como escrevi aqui na madrugada de ontem, o placar alargado do texto da reforma na Comissão de Constituição e Justiça — 48 a 18 a favor da admissibilidade, depois que o governo mudou o texto — não foi o suficiente para convencer o mercado de que tudo vai bem. Eis que, então, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aquele que também já foi alvo de Carlos Bolsonaro, o terrível Carlucho, foi chamado de volta à cena, de maneira explícita, pelo próprio presidente da República. No pronunciamento em cadeia nacional, Bolsonaro se disse grato a Maia. Se ninguém produzir nenhuma grande bobagem nesta quinta — o que nunca se sabe —, talvez os indicadores melhorem um pouco porque se vai entender que o presidente da Câmara (foto) está, para valer, de volta ao jogo. Mas é preciso deixar claro: também os mercados começam a ser mais exigentes e a fazer leituras nas entrelinhas. Ainda que o governo esteja acenando a aliados no Congresso com preenchimento de cargos em estatais e com o aumento de recursos para emendas parlamentares, já se consolidou a ideia de que o presidente da República está longe de ser um entusiasta da reforma e de se comprometer com ela para valer. A verdade é que o pronunciamento foi ruim e reforçou essa impressão.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.