PAÍS INGOVERNÁVEL e como o Papol destrói o Brasil 1: o caso André Esteves
Daqui a pouco, grupos bolsonaristas estarão nas ruas marchando em defesa de seu czar — pretendendo que o resto do país também reconheça Bolsonaro I como seu imperador absolutista —, contra o "centrão" (na verdade, contra o Congresso) e o Supremo. O que será? Não se sabe. Resultado positivo não haverá, pouco importa o número de pessoas. Qual é a importância do evento? É um sinal de instabilidade política que tende a ser, infelizmente, de longa duração. E, se querem saber, a causa original desse destrambelhamento nem é o presidente da República. O que está na raiz do baguncismo se revelou na sexta-feira na forma de duas notícias. E poucas pessoas o perceberam. Enquanto o país tiver a lei que tem de delações e enquanto setores da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e do próprio Judiciário forem canhões soltos no convés, permitindo que se deem tiros a esmo, podem esquecer: viveremos em tensão permanente. Enquanto o Partido da Polícia (Papol) der as cartas, só o caos nos contempla. A que notícias me refiro?
CASO ANDRÉ ESTEVES
Lembram-se de Antonio Palocci, aquele que contou histórias de tal sorte inverossímeis e descosturadas que sua delação foi rejeitada até pelo MPF? Pois é. Ele fez três acordos de delação: dois com a Polícia Federal e um com o Ministério Público do DF. A acusação da hora é que André Esteves, que comanda o Banco BTG Pactual, repassou R$ 5 milhões à campanha de Dilma em 2010 como parte de um pacote de R$ 15 milhões para ser "o banqueiro do pré-sal" — seja lá o que isso signifique.
Informa a Folha:
"Uma semana depois da conversa, Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, teria se encontrado com o próprio Esteves na sede do BTG, em São Paulo. Saiu de lá, segundo a delação, com R$ 5 milhões, que foram usados para pagar a fornecedores de campanha. Kontic negou à Folha que tenha ido pegar dinheiro com o banqueiro."
Evidência? Fio de prova? Indício? Nada que se saiba. O que se tem é o então motorista de Palocci a afirmar que Esteves e Palocci realmente conversavam. E daí? Como resta claro a esta altura, o ex-ministro faz acusações no ritmo desesperado de quem quer sair logo da cadeia. Digam-me: parece crível que Esteves fosse repassar R$ 5 milhões em dinheiro vivo para o PT, com os riscos que a operação ensejaria, num tempo em que doações privadas eram permitidas? Ora, ainda que algum acordo escuso tivesse sido feito envolvendo benefícios do pré-sal e financiamento de campanha, que então se operasse a troca com rigor técnico: quem quer se meter nesse tipo de coisa arranja com facilidade um doador para atuar como laranja e fim de papo.
Sim, André Esteves é aquele que chegou a ter a prisão preventiva decretada porque acusado de financiar parte de uma operação que nunca existiu para financiar a fuga de Nestor Cerveró, lembram-se? A acusação tinha origem em outro desesperado para tirar a corda do próprio pescoço: Delcídio Amaral. Nada menos do que o MPF, que pediu a preventiva, pediu depois a absolvição de Esteves, o que foi confirmado pelo juiz federal substituto Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal. NÃO HAVIA NADA ALÉM DE FANTASIA E ABUSO DE AUTORIDADE.
A patuscada não saiu de graça. O BTG teve, então, perdas severas, e centenas de pessoas ficaram sem emprego. Quem arcou com o peso das perdas? Esteves, os acionistas do banco, os desempregados. Eis aí: "eles" jamais desistem de um alvo.
E, como sabemos, não se pode nem falar numa lei mais dura para punir abuso de autoridade. Ou eles gritam: "Estão querendo acabar com a Lava Jato". A imprensa, infelizmente, é a primeira a cair na conversa.
O que Palocci perde fazendo a delação? Nada! Se notam, há uma constante na pantomima: seus alvos principais são invariavelmente Lula e Dilma, e sempre há um nomão entre alvos secundários para inflamar a patuleia. E a indústria dos vazamentos se encarregam do resto.
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