Propostas de Moro para a Segurança? Licença para matar e milhares de armas
Foi um erro brutal o governo Bolsonaro ter fundido os Ministérios da Justiça e de Segurança Pública, transformando esta numa secretaria, subordinando-a ao ministro Sérgio Moro, que, visivelmente, não sabe o que fazer. O resultado, até agora, tem sido a paralisia. Tudo o mais constante, outros Amazonas virão. E depois outros. E outros mais. Suas propostas para a segurança pública potencializam os desastres. Já tratei do assunto aqui no dia 13 deste mês.
Escrevi um post a respeito no dia 13 deste mês, quase uma antevisão da tragédia de agora. Lá se lê:
O legado de menos de um ano que durou a pasta da Segurança no governo Temer resultou em leis, políticas e recursos inéditos e há muito reivindicados por governadores, acadêmicos e polícias, entregues de bandeja a Moro. Criou-se o SUSP, Sistema Único de Segurança Pública, que integra e dá rumo à área, coordenando as ações das polícias, Forças Armadas, academia, Ministério Público, Judiciário etc, todos reunidos num Conselho Nacional, com uma política única definida, com metas, com auditoria e com base de dados. Em resumo: a Segurança Pública passou a ter ferramentas para uma ação baseada em evidências, técnicas e resultados. É disso que se precisa para o combate ao crime organizado e à violência.
Disse mais:
O ministro-em-trânsito recebeu ainda recursos essenciais e vultosos, antes inexistentes. O BNDES criou o Pró-Segurança, com dotação de R$ 40 bilhões para financiar ações em Estados e municípios ao longo de cinco anos. Mediante lei, parte da arrecadação das loterias esportivas geridas pela CEF foi destinada ao Fundo Nacional de Segurança Pública, com previsão de R$ 2 bilhões neste ano. Esses recursos são necessários para equipar polícias, construir presídios, comprar tecnologia, capacitar pessoal, estruturar centros de inteligência etc.
Mais um pouco:
Tudo isso está paralisado, inerte! Nada teve continuidade. Nem o SUSP está sendo implementado, e os recursos estão paralisados ou contingenciados. As operações nacionais envolvendo todos os Estados e polícias contra as facções e o crime organizado já não ocorrem mais… Afinal, a aposta do Supremo Ministro é num pacote dito anticrime que dá licença para a polícia matar. Amplia ainda o encarceramento, o que, num sistema prisional superlotado, só irá aumentar os respectivos exércitos de mais de 70 facções criminosas geradas lá dentro, mas que controlam a violência e o tráfico cá fora.
Os adoradores de mitos e fantasias, no entanto, custam a reconhecer o óbvio — também na imprensa. Moro está em Portugal. Para mais um seminário sobre corrupção.
COMPRA MULTIMILIONÁRIA DE ARMAS
Na área de combate ao crime, além de seu pacote eivado de ilegalidades, há também o anúncio de uma megalicitação para a compra de 106 mil pistolas para modernizar o armamento da Força Nacional e das polícias civis e militares do país. O custo estimado é de R$ 444 milhões. Nada contra, por óbvio, que se modernize o armamento e coisa e tal. A questão é saber se seria essa a prioridade, quando a criação do Sistema Único de Segurança Pública está paralisada. Para quem não entendeu, sintetizo: com mais inteligência, é possível que as armas de que dispõem as polícias fossem mais eficazes. Sem essa inteligência, haverá mais desinteligência, mas com armas mais sofisticadas.
Eis o homem que alguns elegeram como o demiurgo de suas ambições redentoras.
Não! Ele não tem culpa por aquilo que aconteceu no Amazonas. Como revela seu Twitter, ele, na verdade, não está nem aí. Nem aqui. Está em Portugal. Está lá.