Topo

Reinaldo Azevedo

Comando petista está convencido de que tão mais fácil se fará a transferência dos votos para Haddad quanto mais forte Lula estiver

Reinaldo Azevedo

22/08/2018 07h48

Fernando Haddad: ele já está em campanha, mas o "candidato" ainda é Lula

O comando do PT já decidiu que não vai, de nenhum modo, procurar acelerar as decisões em tribunais superiores. E o mesmo fizeram os ministros do TSE: escolherão o caminho mais longo que a lei indicar até a inelegibilidade de Lula. Hoje, é muito provável que esta seja declarada bem perto da data-limite: 17 de setembro, se é que não ficará mesmo para a hora final. Só então o partido deflagrará o lema que antecipei aqui há tempos: "Haddad é Lula; Lula é Haddad". E serão três semanas para isso.

No dia 31, começa o horário eleitoral. Lula está sem palanque diário. Passará a tê-lo. Pode ficar duas semanas no ar como candidato. Se vocês notarem, nem mesmo vai apanhar de adversários na campanha: com 48% do tempo, é pouco provável que o tucano Geraldo Alckmin eleja o PT como alvo. O candidato do PSDB precisa construir seu nome como alternativa junto ao grande eleitorado. Se há alguém para desconstruir, esse nome é, então, Jair Bolsonaro (PSL), que mesmerizou parte considerável do eleitorado antipetista. A tarefa do tucano é impedir que conquiste o antipetismo ainda indeciso.

No PT, e isso inclui Lula, prevalece a tese de que tão mais fácil se operará a transferência de votos para Haddad quanto mais forte estiver o nome do ex-presidente e mais aderência ganhar a tese de que há uma espécie de conluio para tirá-lo da eleição. Como se nota, o antipetismo virulento e as heterodoxias legais que, até agora, marcaram o destino recente do petista têm contribuído para dar razão prática à teoria.
Continua aqui

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.