Há semelhanças, no que diz respeito a possível trato com o Congresso entre as falas de Boulos e de Marina: ele não é do establishment; ela, sim!
Reinaldo Azevedo
06/08/2018 16h15
Ele é candidato de um partido de extrema-esquerda. Duvido que lide, intimamente — ele é formado em psicanálise lacaniana —, com a possibilidade de vencer a disputa. A literatura política de esquerda me autoriza a afirmar que ele está na fase de construção de uma liderança, em que, vá lá, a pureza ideológica tem um valor muitas vezes superior ao pragmatismo. Foi assim que se construiu um certo Lula. Demorou até que chegasse à política de alianças de 2002. Os tempos e meios da política são outros, mas equilíbrio — ou desequilíbrio — entre pureza e eficiência ainda obedece às mesmas leis.
Boulos não pertence ao establishment político. Sob nenhuma perspectiva, é um justificador do statu quo. E eu jamais votaria nele justamente por isso. Porque, ainda hoje — e vai mudar se realmente quiser crescer no ramo —, traz consigo a ideia das ações disruptivas: em vez de reforma, ele quer ruptura, ainda que não seja a revolução. Mas e Marina?
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Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.