GENERAL DE BOLSONARO 3: Debate proposto por vice é legítimo. Será que chegou a hora de diminuir a renda do trabalho para país mudar?
Reinaldo Azevedo
27/09/2018 22h34
Noto que uma das ilusões de certo ultraliberalismo que me parece flertar com o fim do Estado é se livrar, então, desse agente consumidor de recursos e gerador de ineficiências. Certo! O problema é que essa ideia, em estado puro, parece mais adequada a sociedades que já garantiram a amplas maiores um estado de bem-estar que criaria barreiras para que se involuísse para a barbárie. No Brasil, a barbárie já está nas ruas, nos morros, nos vales da pobreza, no semiárido, nas periferias das grandes cidades…
Dá para brincar de fim do Estado? Acho que não! A prudência recomenda que ele seja domado, para que pare de cuidar de si mesmo, como um ente autônomo, e passe a prestar serviços para as pessoas. Certamente precisamos de menos Estado empresário. Mas precisamos de mais Estado nos lugares onde a vida não faz inveja aos bichos selvagens porque estes arrancam o seu ótimo do estado da natureza. E nós nos tornamos humanos é pela cultura. Construímos o nosso meio-ambiente. No Estado da natureza, viramos um bicho de maus bofes.
O debate proposto pelo general Mourão não é ilegítimo. A questão é saber de quais premissas ele parte e qual é a proposta.
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Sobre o autor
Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.
Sobre o blog
O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.