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FORA DO LUGAR 5: O “Argumentum ad terrorem”, o IR negativo e Cassandra

Reinaldo Azevedo

03/04/2019 21h49

Vou ainda insistir numa tecla: é preciso parar com o "argumentum ad terrorem", que costuma, vamos convir, ser o preferido dos economistas — e, com isso, não quero dizer que eles não tenham, com frequência, razão. Mas pensem em Cassandra (imagem): não adianta fazer predições nas quais ninguém acredita. Guedes sentou-se naquela cadeira sabendo que dois pontos da Previdência já dançaram, ao menos na forma prevista: mudança no pagamento do Benefício de Prestação Continuada (o salário mínimo para idosos em situação de pobreza acima dos 65) e na aposentadoria rural. Cumpria que evidenciasse, mas sem horizontes finalistas, que mudanças significativas no texto da reforma vão dificultar a criação do tal sistema de capitalização. Sim, ele o fez, mas em clima de "o mundo vai acabar caso isso não aconteça…" E, já escrevi aqui, nunca vi esse troço funcionar. Ao falar da capitalização, diga-se, o ministro acenou com o Imposto de Renda Negativo: quem, num sistema de capitalização — em que o futuro aposentado faz, na prática, a sua própria poupança — ficasse com um ganho abaixo do mínimo receberia um complemento. Ficou com cara de argumento lançado na bacia das almas, de última hora. Algo dessa importância, numa proposta de reforma da Previdência, deveria já estar circulando entre os parlamentares há muito tempo.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.


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