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Reinaldo Azevedo

Bolsonaro aparece ao lado de Heleno e não censura ataque do filho Carlos

Reinaldo Azevedo

02/07/2019 16h25

Em primeiro plano, Bolsonaro e Heleno ainda durante a campanha; ao fundo, no centro, Gustavo Bebianno, que já virou ministro e também foi defenestrado (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

O presidente Jair Bolsonaro concedeu uma rápida entrevista a jornalistas nesta terça ao lado do general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete da Segurança Institucional), criticado indiretamente pelo vereador Carlos Bolsonaro em postagem num perfil bolsonarista do Twitter intitulado @Snapnaro. Antes, Bolsonaro já havia entrado em contato com Heleno para lhe dar respaldo, segundo informa a Folha.

Indagado sobre o episódio, Bolsonaro interrompeu a entrevista, com menos de três minutos. Os jornalistas perguntaram a Heleno se ele queria falar a respeito. A única resposta foi esta: "Eu não".

A postagem de Carlos causou indignação entre os militares. Ele fez um comentário associado a um vídeo publicado por uma senhora chamada Regina Vilela, que se identifica como jornalista. Segundo Regina, o episódio do sargento traficante (Manoel Silva Rodrigues), que viajou à Espanha num avião da FAB, que servia à Presidência, carregando 39 quilos de cocaína, é parte de um complô organizado pelo Foro de São Paulo para desmoralizar Bolsonaro. Ela acusa os militares de proximidade com o Foro e pediu que o presidente decrete a prisão por 30 dias o comandante da Aeronáutica, Antônio Carlos Moretti Bermudez.

Em seu comentário, para lembrar, Carlos afirmou o seguinte:
"Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente aqueles oferecidos pelo GSI? Sua grande maioria podem ser até homens bem intencionados e acredito que sejam, mas estão subordinados a algo que não acredito… Tenho gritado em vão há meses internamente e infelizmente sou ignorado. Não digo que sou dono da razão e evitei até aqui ao máximo me expor desse jeito, mas não está dando mais. Estou sozinho nessa, podendo a partir de agora ser alvo mais fácil ainda tanto pelos de fora tanto por outros (sic). Há muito mais nisso tudo. Mas se [leia-se: "só"] viemos aqui para deixar uma mensagem! Creio que essa faz uma parte dela, mesmo que isso custe minha vida! Um abraço!"

Escrevi no dia 6 de maio que Heleno estava na fila dos militares que eram alvos da chamada "ala ideológica" do bolsonarismo. Naquela data, quem estava na fila para ser degolado era o general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, que foi demitido no dia 13 de junho. Antes de ser defenestrado, também recebeu protestos de estima e consideração do presidente.

Bolsonaro seguiu a rotina quando o assunto envolve seus filhos, Carlos em particular. Ele se nega a fazer uma censura pública àqueles que são, na sua expressão, dita em primeira pessoa, "sangue do meu sangue".

Resultado: só resta esperar o próximo ataque.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.